Nunca a sensação do chão frio nos pés descalços foi tão boa. Nem era tão frio assim. Fresco. Ameno. Enquanto ela sentia cada centímetro do piso, ouvia os sons na cozinha, ruídos um pouco atrapalhados, mas nem por isso menos interessantes. Ou talvez por isso mesmo, ainda mais significativos. O fogão com suas bocas, vãos e botões, trabalhava com afinco. Afinco maior ainda era o dele, que remexia de forma ruidosa nas panelas no fogão, numa alquimia de sabor e carinho. Nunca antes o frio nos pés descalços dela fizeram par com o calor do fogão nas mãos dele. Par não, casal. E assim seguiu o frio ameno e o calor do preparo numa troca sutil de afeto. E por uma tarde inteira foram felizes.
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