“Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado…”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual…
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Um blog pretenciosamente eclético, poético, ético, dialético, e Otras Cositas Mas...
"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault
sábado, 6 de abril de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Festim
Metade
da laranja?
Que
laranja o que seu moço!
Ele
é gente, e inteirinho
Completo
e falho como se deve ser.
E
eu completa, com braços e pernas
E
um coração recheando o peito
Não
teve jeito!
Acabei
por me derreter!
Carne
e unha?!?
Quem
disse esse disparate?
Ele
rói todas as unhas
E
as vezes eu arranho a sua carne.
Fazer
o que? Faz parte!
É
que ele veio assim
Sem
ter dó de mim
Acabei
me enamorando!
Alma
gêmea? Sei não!
Do
modo que eu lhe sinto
Como
ver nele um irmão?
E
dá alma só sei dos risos
Dos
olhares e dos sorrisos
Dos
suspiros em minhas mãos.
Se
é que é de alma o que sinto
Desse
um todo que me agrada
De
uns olhares famintos
De
uma boca que me acaba
Não
sei de errado ou de certo
Mas
sei bem daquilo que eu quero
Só
essa vida com ele não basta!
Amor
talvez seja o nome
Dessa
fome que nos consome,
Dessa nossa festa que
não passa.
(Fran)
Nossas águas
Ela dizia da profundidade da tristeza,
Ele versava sobre a superfície do ser.
Ela mergulhava na melancolia,
Ele só torcia pra chover.
Ela sorria em ondas constantes,
Ele afogava em cada sorrir.
Ela sonhava com mares distantes,
Ele ainda teimava em submergir.
Mas como rios distintos,
Corriam as vezes paralelos.
Ao acaso de uma geografia
Suas águas se encontraram
Se chocaram, revolveram,
Misturaram, cresceram,
Se lançaram em abismos,
Fertilizaram campos,
Saciaram sedes, aplacaram fomes.
Depois de tanto correr,
Depois de muito ver,
Perceberam que não cabiam mais em margens
Perceberam que não eram bastantes,
E naquele mais lindo instante
Naquela foz a se romper
Se amaram e viraram mar.
Fran
"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar" Drummond
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