"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault

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"Alquimia de ventilador, poesia de liquidificador..."

segunda-feira, 25 de março de 2013

Festim


Metade da laranja?
Que laranja o que seu moço!
Ele é gente, e inteirinho
Completo e falho como se deve ser.
E eu completa, com braços e pernas
E um coração recheando o peito
Não teve jeito!
Acabei por me derreter!

Carne e unha?!?
Quem disse esse disparate?
Ele rói todas as unhas
E as vezes eu arranho a sua carne.
Fazer o que? Faz parte!
É que ele veio assim
Sem ter dó de mim
Acabei me enamorando!

Alma gêmea? Sei não!
Do modo que eu lhe sinto
Como ver nele um irmão?
E dá alma só sei dos risos
Dos olhares e dos sorrisos
Dos suspiros em minhas mãos.
Se é que é de alma o que sinto
Desse um todo que me agrada
De uns olhares famintos
De uma boca que me acaba

Não sei de errado ou de certo
Mas sei bem daquilo que eu quero
Só essa vida com ele não basta!
Amor talvez seja o nome
Dessa fome que nos consome, 
Dessa nossa festa que não passa.

(Fran)


Nossas águas


Ela dizia da profundidade da tristeza,
Ele versava sobre a superfície do ser.
Ela mergulhava na melancolia,
Ele só torcia pra chover.

Ela sorria em ondas constantes,
Ele afogava em cada sorrir.
Ela sonhava com mares distantes,
Ele ainda teimava em submergir.

Mas como rios distintos,
Corriam as vezes paralelos.
Ao acaso de uma geografia
Suas águas se encontraram
Se chocaram, revolveram,
Misturaram, cresceram,
Se lançaram em abismos,
Fertilizaram campos,
Saciaram sedes, aplacaram fomes.

Depois de tanto correr,
Depois de muito ver,
Perceberam que não cabiam mais em margens
Perceberam que não eram bastantes,
E naquele mais lindo instante
Naquela foz a se romper
Se amaram e viraram mar. 

Fran

"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar" Drummond