"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault

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"Alquimia de ventilador, poesia de liquidificador..."

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Meu Tempo

Como o vento que me descabela,
O tempo passa por mim...
Naquele momento em que deveria estar preso.
Naquele momento em que deveria ser meu.

Como um cubo de gelo esquecido na pia,
O tempo escorre e pinga lentamente...
Quando deveria se lançar e voar.
Quando deveria me arrastar com ele.

Como uma criança que brinca de pega-pega
O tempo não me permite alcançá-lo,
Mas ainda assim amo o inconstante tempo
Pois em algum lugar dele...
Ainda encontrarei você. 

..::Fran::..

terça-feira, 8 de novembro de 2011

(des)caminh@(ndo)

Não quero mais ser pedaço,
Sem saber se é bom,
Sem gosto de mal.
Cansei de ser simples atalho
Ponte, beco, desvio, canal.
  
Sou sua plena jornada!
Porto seguro ou desventura?

Sou o chão da calçada,
A poça que pulas
E o sol na nuca.
Sou o sereno frio,
O vento vadio,
A casa fechada.
Sou o muro quebrado
E o remendado
E o grafitado.
Sou gato no telhado
Miando baixinho,
Olhando teus passos.
Sou o ovo do ninho
Caído na sombra
Que descansavas.
Sou o seu desvario,
Seu desalinho,
A sede que mata.
Sou a água fresca
Que molha tua testa
Enquanto cantavas.
Sou a fruta no pé,
A prece de fé,
Tua encruzilhada.
Sou a noite caindo,
Você jurando baixinho
Que não temia nada!
Sou o seu peito arfando,
Da ave o canto
E o teu passo que para.

Sou o que estou sendo
Pro teu alento
Tua caminhada.
Não sou rumo nem seta,
Sou porta aberta pra tua parada.
Cansei de vãos e desvios
Sou puro caminho
Sem ter chegada.

..::Fran::..

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dias nenhum

Não preciso desse tempo
Desse beijo
Desse dia.
Me desfaço com seu desejo
Teu lampejo
Tua guia
Meu caminho é pelo vento
Sonho indefeso
Imagina...
Que descansei no teu peito
Meio sem jeito
Em outro dia.

..::Fran::..

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Letramento

As letras que dançam no papel
São um fim em si próprias.
Lindas, conclusas mas infinitas.
Não se importam com a compreensão,
Basta a elas serem sentidas.
Mas o sentir não é fácil.
Almas simplórias tendem a racionalizar
O que apenas com o coração se pode alcançar.

..::Fran::..

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Possibilidade distante


Por que o impossível nos apetece?
Porque o inatingível resplandece?
Meu querer oscila,
Ele se vai, se afasta...
Depois sorri e acena.


Esta utopia encarnada
Em mim não fez morada
E a tempestade que desaba sob meu corpo
Só cabe a mim enfrentá-la.
E a utopia se funde com horizonte
E ainda sorrindo me faz almejá-la
Como ondas sucessivas
Carregam-me para o mar
Quem sabe encontro um tesouro?
Ou acabe por me afogar...

..::Fran::..

terça-feira, 26 de julho de 2011

O que tenho e preciso

Tudo que preciso carrego comigo:
A minha capacidade de respirar...
Aspirando o cheiro de terra molhada
Residente do meu jardim secreto
Me protegendo do odor dos carros,
Da lama fétida dos acostamentos.


Ainda tenho meu caminhar indeciso
Inseguro nas vielas do desconhecido
Mas ainda consciente e preciso
Das dificuldade que irá encontrar.


Tenho meu coração batucante,
Que sofre com os horrores do mundo
Mas que não perde seu potencial de amante,
Sendo pra aqueles que amo um porto seguro.


Mas olho pra trás e vejo minha história,
Pessoas e vidas que por ela passaram,
Que escreveram a epílogo do que me encontro hoje
Sou ecos e sombras do meu passado.


Ainda tenho o sorriso dele ecoando em mim.
Ainda tenho a mão dela indicando o caminho.
Ainda lembro daquela voz dizendo o fim
Ainda lembro daquele olhar furtivo.
As pessoas que encontro se encontram em mim.
São as peças construtivas do meu destino,
Inconstantes, cheios de nãos e sins...
É o que torna meu mundo colorido.

domingo, 24 de julho de 2011

Um Canto de Samba

Eu caminho por aí, será que te esbarro em mim?
Peguei a contra-mão, pra aonde mesmo eu vou?
Me lanço, corro, escorro pelos cantos
É tantos cantos que eu ouço por aí...
Quem canta pra mim?
Ouvi um batucar num canto de mim.
Tropeço na calçada, será que caio na sarjeta?
Se ajeita que eu to chegando.
Me ajeito dançando. Dança pra mim?
Te trago num canto, te faço um canto.
Te transbordo em si, e o sol lá se vai indo.
E música ecoa na noite que chega
Será que você me chega?
Me basta, me abraça.
Hoje eu me junto, juro!
Cato os pedaços de mim,
Passo grude, colo timtim por timtim
Na mistura ponho até samba enredo
E fitinha do senhor do Bonfim.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Cara do Samba

Olha ele lá!


De pernas compridas tentando requebrar...

Olha ele lá!

Se remexendo todo até quase sambar...

Olha ele lá!

Chapéu na cabeça e cabeça no ar...

Olha ele lá!

Quase rouco de tanto cantar (será?)

Olha ele lá!

Sorriso no rosto, parece sonhar...



(Poesia-homenagem aos dotes sambísticos de um amigo-poeta, com alma de criança e espírito livre)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Notícia Do(r) Dia

A notícia do dia diz que pai e filho foram agredidos

Por estarem abraçados, por demonstrarem carinho.

Que mundo é esse que retribui amor com dor???

Se são pai e filho, dois namorados, dois amigos...

Antes de tudo, são humanos.

Antes de tudo, são humanos.

Antes de tudo o amor. Seja de que forma for.

Violência é crime, principalmente se violenta o amor.

 
(tentativa de demonstrar minha indignação acerca da violência, e no caso específico, contra a homofobia. Homofobia é crime!)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um Dom de Quixote

Que pena e tinta sejam suas armas,
Sorriso e espírito teu escudo,
Não tema a penumbra daqueles que calam.
Que tuas palavras alcancem o mundo.
Cavaleiro errante, tal Quixote,
Talvez gigantes e moinhos irá encontrar,
Mas montado em estrelas, poderoso trote,
Sofrimento algum irá te calar.
Amante de letras, poesia e rima,
Encontras-te Dulcinéia nas palavras?
Faz da tua vida a obra-prima
E do peito meu, abrigo, ninho e morada.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

tem horas??

Um relógio sem ponteiros.
Que horas são?
Onde está a seta, o determinante?
A hora, é esta hora.
O tempo é o tempo.
Só isso.
Isso tudo.
Concorrendo comigo,
o transcorrer da minha vida.

domingo, 19 de junho de 2011

...

a multidão me preenche e esvazia
meu refúgio é vácuo, me absorve.
me desfaço... não sei mais quem sou.
Mas o pulso ainda pulsa,
E um sei lá o que me faz andar

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Presente à Meu Anjo

De essência estranha ao mundo
o que um anjo pode almejar?
Asas mais resistentes,
porte de arcanjo,
o poder de dominar outros planos.

Mas eu, de carne e sangue...
sal, suor e sol,
sem mandos no etéreo,
não posso entrona-lo
como senhor de céus e mares.

Talvez lança e espada
fizesse seu regalo.
Poder e determinação,
perseverança potencializada.
Guerreiro de vidas e almas.

Mas eu, de meu espelho,
Invertendo a Vênus,
não fui aceita por Marte.
E despida de minhas armas e ferramentas
como forjar uma lâmina celeste?

Talvez um belo escudo.
Proteção é sempre querida.
Enfrentar céus e terras
levando em frente seu emblema,
uma esfinge de asas.

Mas eu, entre cacos
do castelo de cristal
que insisto em destruir,
como conceber armaduras
se luto para romper grilhões...

No meu desassossego
de rememorar o solstício de sua vida
questiono as paredes
“o que dedicar a ele?
O que de meu tenho,
o que legitimo me é,
para oferecer à quem amo,
a quem me permitiu amar?”

Nas paredes mudas
ecos de mim reverberaram
e a resposta que procurava,
incrustada em meu ossos esperava.

Transmuto minha alma em asas
e me recrio em horizonte distantes
para meu anjo conquistar.
Meu coração em brasas
se forja como lança,
pronto para lutar pelo ser que ama.
Meu peito ofegante
como escudo se orna
e por carne e sangue
me conservo como refúgio.
Me reconfiguro por ele,
pois só me tenho,
só domino a mim.
Mas ao remodelar a massa,
não substituo substância,
e continuo reles e mortal.
Ainda que amor faça parte da essência,
A essência é muito maior que o molde.

.::Fran::..

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Devias Ser...

Deveras ser
De ver o ser
De vir a ser
De verão ter
De tesão ter
De ser tão em querer
De não ser vão em viver
De não ter dó em doer
De não ser, só pra ser
De não ter, só pra ter
De sua mão estender
De seu coração acolher
De imensidão escolher
De compaixão viver
De inspiração manter
De imaginação se desfazer.
De caminhar e se (re)fazer.


.::Fran::.