"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault

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"Alquimia de ventilador, poesia de liquidificador..."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Presente à Meu Anjo

De essência estranha ao mundo
o que um anjo pode almejar?
Asas mais resistentes,
porte de arcanjo,
o poder de dominar outros planos.

Mas eu, de carne e sangue...
sal, suor e sol,
sem mandos no etéreo,
não posso entrona-lo
como senhor de céus e mares.

Talvez lança e espada
fizesse seu regalo.
Poder e determinação,
perseverança potencializada.
Guerreiro de vidas e almas.

Mas eu, de meu espelho,
Invertendo a Vênus,
não fui aceita por Marte.
E despida de minhas armas e ferramentas
como forjar uma lâmina celeste?

Talvez um belo escudo.
Proteção é sempre querida.
Enfrentar céus e terras
levando em frente seu emblema,
uma esfinge de asas.

Mas eu, entre cacos
do castelo de cristal
que insisto em destruir,
como conceber armaduras
se luto para romper grilhões...

No meu desassossego
de rememorar o solstício de sua vida
questiono as paredes
“o que dedicar a ele?
O que de meu tenho,
o que legitimo me é,
para oferecer à quem amo,
a quem me permitiu amar?”

Nas paredes mudas
ecos de mim reverberaram
e a resposta que procurava,
incrustada em meu ossos esperava.

Transmuto minha alma em asas
e me recrio em horizonte distantes
para meu anjo conquistar.
Meu coração em brasas
se forja como lança,
pronto para lutar pelo ser que ama.
Meu peito ofegante
como escudo se orna
e por carne e sangue
me conservo como refúgio.
Me reconfiguro por ele,
pois só me tenho,
só domino a mim.
Mas ao remodelar a massa,
não substituo substância,
e continuo reles e mortal.
Ainda que amor faça parte da essência,
A essência é muito maior que o molde.

.::Fran::..

Um comentário:

escrevendo, comentando, rabiscando o rodapé...