"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault

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"Alquimia de ventilador, poesia de liquidificador..."

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre Meninos e Nuvens



Num pátio azul
Nuvens brincam de se reinventar
Se transformam
Mudam a forma,
talvez a textura,
quem sabe a densidade.

Uma baila feito um pássaro
Outra se arrasta como um dinossauro
Outras se sucedem como ondas de um mar calmo
E ainda como ondas do mar,
se chocam e choram a chuva.

Mas aquele menino mira o céu
E com espanto descobre os segredos das nuvens
Que brincam de vir a ser o ser que querem ser
Por ter apenas a incompletude de si...

E o menino se percebe sem mundo ter,
Inquieto por não ter o que...
Sem ser pássaro, nuvem ou água,
Sonha em também poder se inventar,
transmutar a realidade fria,
e mesmo descalço com o pé no chão,
no chão de um mundo em que ele simplesmente possa ser...
e assim tomar impulso e voar
Mais alto que as nuvens, suas guias.



Roubando palavras:

“Digo adeus a ilusão
mas não ao mundo.
Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação,
da tortura,
do terror,
retiramos algo
e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira.”
Ferreira Gullar

sexta-feira, 12 de março de 2010

Marketing pessoal



Minha calça define meu corpo e meu caráter
Minha bolsa e sua etiqueta confirmam minha existência
Meu sapato, subsídio da minha vida
O que eu sou é marca aberta, visível
out-door ambulante e curvilíneo.
Nada tenho a esconder, sou uma embalagem.
(e ainda pago para assim ser)



.:Fran:.

domingo, 7 de março de 2010

Meu encaixe




Meu encaixe é do lado de fora,
de fora dessa sociedade que exclui e discrimina,
de fora das convenções de relacionamento,
de forado padrão homo-heterossexual.
É também de fora, ou de longe,
da cristã dicotomização: bem x mal.
Estou ainda onde todos esperam me encontrar:
o rapaz exemplar!
E tod@s que querem me ver encaixado,
ainda não perceberam meu encaixe!

(versos de um amigo-irmão-companheiro de viagens filosóficas)