
Tenho uma dor no peito
que não me permite nomeá-la,
uma angústia que se torna permanente,
um soco na boca do estômago
que me obriga a acordar
só não sei o por que acordar,
ou aonde acordar
mas essa dor sabe e me segue
e me mantem assim:
nem totalmente feliz,
nem totalmente triste.
Tenho algo aqui dentro
um algo assim,
meio agridoce ao paladar,
um suor frio que me lembra estar viva,
é um algo mais que eu não encontro
mas que pode estar aqui
só que não me permite encontrar...
Talvez isso seja a vida,
um eterno vir-a-ser,
uma ausência tão presente de mim mesma
que me leva a caminhar, e a buscar...
talvez encontre por aí
no meu reflexo nos teus olhos castanhos,
ou talvez seus olhos só me façam sorrir,
e então novamente a dor me faz seguir,
vagando, divagando, meio devagar também.
Sigo sentindo-a, dominando-a,
acho que até alimento esse monstro marinho que mora no oceano do meu peito
quem sabe é uma sereia, que encanta marinheiros?
Talvez... mas ela, ou ele, ou seja lá o que for
permanece aqui, se acomodando
sempre incomodando
afinal, ele é o que mais legitimo eu tenho.
(Fran)