"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." Foucault

Minha foto
"Alquimia de ventilador, poesia de liquidificador..."

terça-feira, 8 de novembro de 2011

(des)caminh@(ndo)

Não quero mais ser pedaço,
Sem saber se é bom,
Sem gosto de mal.
Cansei de ser simples atalho
Ponte, beco, desvio, canal.
  
Sou sua plena jornada!
Porto seguro ou desventura?

Sou o chão da calçada,
A poça que pulas
E o sol na nuca.
Sou o sereno frio,
O vento vadio,
A casa fechada.
Sou o muro quebrado
E o remendado
E o grafitado.
Sou gato no telhado
Miando baixinho,
Olhando teus passos.
Sou o ovo do ninho
Caído na sombra
Que descansavas.
Sou o seu desvario,
Seu desalinho,
A sede que mata.
Sou a água fresca
Que molha tua testa
Enquanto cantavas.
Sou a fruta no pé,
A prece de fé,
Tua encruzilhada.
Sou a noite caindo,
Você jurando baixinho
Que não temia nada!
Sou o seu peito arfando,
Da ave o canto
E o teu passo que para.

Sou o que estou sendo
Pro teu alento
Tua caminhada.
Não sou rumo nem seta,
Sou porta aberta pra tua parada.
Cansei de vãos e desvios
Sou puro caminho
Sem ter chegada.

..::Fran::..

2 comentários:

  1. cada vez mais espetacular... não sou rumo nem seta, sou porta aberta pra tua parada, cansei de vãos e desvios, sou puro caminho, sem ter chegada.
    Inveja de não ter escrito isso.

    ResponderExcluir
  2. Enquanto vc está fazendo a Investidura (o nome é esse?), eu permaneço aqui contemplando seus versos...
    -Não se apesse!
    Eu poderia gritar daqui desse sofá, mas eu poderia atrapalhar,
    Interromper o tagarelar.
    Te desconcentrar.
    melhor não arriscar!
    Um grande beijo.

    ResponderExcluir

escrevendo, comentando, rabiscando o rodapé...